terça-feira, novembro 30, 2004

Crónica

Portugal está de parabéns!
Ao olhar para trás para estes últimos seis meses de vida lusitana, vejo que conseguimos acompanhar as mais diversas facetas do topo europeu, projectando-nos para o futuro.
Depois da prestação da selecção nacional no Euro, onde se destacaram claramente o luso Deco (n. em S. Bernardo do Campo, Brasil), assim como o madeirense Cristiano Ronaldo que ninguém consegue compreender o que diz quando fala. E é claro que tivemos no Pipão, o grandioso mentor espiritual, que pôs o país de verde e vermelho, alimentando os lobbies das lojas de chineses. Com certeza que não terão faltado místicos a anunciarem-no como digno sucessor dos três pastorinhos. O Bispo de Fátima/Leiria que se acautele.
Depois disso, seguiu-se o grande drama presidencial, capaz de figurar como acção principal de uma qualquer narrativa Dostoievskyana e que se tem arrastado por tempos indefinidos.
Depois da questão eleições, não eleições, decidiu-se pela última. O conselho de estado aconselhou-o a fazer eleições e ele nomeou PSL como primeiro ministro.
Esta foi uma manobra brilhante da parte de Durão Barroso que assim queima o seu mais directo adversário no PSD e parte para Europa.
À semelhança dos futebolistas, também os políticos nacionais têm que emigrar se quiserem ser alguém. E Durão Barroso conseguiu-o. A polémica questão das nomeações mereceu destaque em quase todos os noticiários europeus. Que Bom!
Mas quando parecia que os noticiários estavam a esquecer-se de nós, vem a parte do castigo, perpetuada pelo nosso PR.
4 meses depois os problemas psicossomáticos que o tinham vindo a preocupar, resolveram-se.
Mais ou menos. Só o tempo o dirá.
Enquanto isso, vou tendo orgulho em dizer às comunidades espanholas que o Deco é português e que talvez até esteja directamente implicado com o movimento artístico.
Assim faço por me iludir.
Bem Haja e Sorte e Neno para todos

quinta-feira, novembro 25, 2004

Crónica

POlítica, política... 6h58, acordo. Na casa de banho o Aristóteles começa a perseguir-me insistentemente, não me deixando nem tomar o chá descansado.
Decido fugir para a faculdade. O decano olhar imortalizado naquelas estátuas pálidas que sempre me atormentaram desde míudo, não cessava de olhar para mim , como que me querendo ensinar qualquer coisa.
Comboio. Uff, estou safo! Graças ao recente aumentar da graduação dos óculos, estou proibido de ler nos transportes públicos.
Mas não resisto. Na capa do jornal do senhor em frente, a Coligação é servida ao almoço perante o olhar atónito do Primeiro e do Ministro da Defesa. Decido, por bem, fechar os olhos.
A FCSH recebe-me com uma feira do livro. Com um olhar furtivo, olho para o bolso esquerdo do casacotentando contar os trocados que me acompanham.
Condicionado pela minha eterna condição estudantil, precipito-me para a zona das promoções. Em grande destaque estava... não podia ser. O inevitável Chomsky oferecia as mais diversas interpretações políticas por apenas euro e meio.
Volto a fugir.
Já de regresso a casa, sento-me no escritório e preparo-me para enfrentar um papel branco àminha frente.
Inconscientemente, carrego no "play" da aparelhagem e do lado de lá responde-me a banda sonora do Good-Bye Lenin! Não podia ser melhor para começar. Escrevo: "POlítica, política... 6h58, acordo."