quinta-feira, dezembro 02, 2004

Poema

E no balcão do Barão
onde sempre repouso depois
de mais um dia de trabalho,
vou desenhando uma e outra vez
o teu corpo
parando sempre nos seios
que durante tantas e tantas noites
pude sentir junto ao meu peito
e em segredo lhes sussurrava
que te amava.
As minhas mãos roxas do frio
vão absorvendo a fricção dos carris
que lá fora vão chiando
e tremem, gemem como a primeira vez
em que sentiram o teu calor
numa noite agora tão distante,
sempre tão presente.
Do outro lado do balcão
atiçam-me olhares suspeitos
e precipito-me para a rua
onde todos correm aflitos
sem repararem no meu corpo distante
que se vai arrastando
naquele cais de Lisboa
de um fim de tarde.
Caído num banco vazio
vou adormecendo
enquanto desenho o teu corpo
uma e outra vez.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

:)))

Serennablack

6:16 da tarde  

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