segunda-feira, maio 08, 2006

sorrisos

Odeio este sorriso trémulo que só aparece contigo.

Treme por ganhar vida com algo maior, incontrolável, e ter de se conter por não encontrar lugar. Pelo medo de cair no vazio ou a mera consciência de que perdeu a altura certa.

Não o alimentes.

(Por favor alimenta-o!)

Não odeio o meu sorriso trémulo. Odeio o já tão familiar conformismo de não esperar qualquer resposta ou reacção ao mel que sinto - de não o deixar transbordar até que a razão paralize e se soltem os milhares de gestos que nunca se manifestaram.

Adoro o meu sorriso trémulo e a forma como transcende todos os outros.

quarta-feira, abril 26, 2006

Será que isto funciona?

sexta-feira, maio 13, 2005

inverno

Inverno que te fazes frio
e te fechas para a luz que é tua
Inverno de ventos fortes
com que foges pelo mundo,
ao silêncio, de ti
Inverno que para mim és Primavera
que me traz a vida e o pólen que cria
Inverno que me partes quando te esquivas
que te abriste a mim numa estação perdida
- mas as estações são eternas
e eu te serei o Verão que sou.

sábado, março 19, 2005

CÁ FORA

Abre a porta e caminha
Cá fora
Na nitidez salina do real

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, fevereiro 08, 2005

encontrado no baú

O silêncio vem e tu voltas
com a inquietude do inacabado,
da certeza de te saber
mas não sei quando.
Era talvez feita de fogo
que viste e recordaste sem lembrar.
Eras talvez feito de música
que ouvi em ti
e me lembrei.

sábado, janeiro 15, 2005

Groucho Marx:

"Outside of a dog, a book is man's best friend. Inside of a dog it's too dark to read. "

terça-feira, dezembro 14, 2004

"Drowning the fever of her hands to sunlight"

vendes-me o sono em troca de um pouco de dedicação, que, só por ordem do acaso ou pedido do propósito, é o máximo de dedicação que consigo desferir a alguém. assim vês que tens precisamente o melhor de mim, a nata dos meus dias, enquanto tento esconder-te o pesar das noites

sobra-me tempo para te entregar e nenhum para os mortais, tenho amigos que entram por todas as minhas portas e sequer lhes concedo uma conversa, mando-lhes calorosos abraços e beijos cordiais pelo correio, a ti quero-te dentro de todos os meus livros, sendo que as histórias que conto são escritas na minha própria pele, seca, frágil, mas de forças renovadas sempre que a consegues tocar, toca-me outra vez

sinto-me desfalecer de cansaço apesar de tudo, as noites estouram-me porque não te tenho a fechar-me os olhos para que me esqueça das sombras na parede

transformo-me numa falena, sobrevoo-te, pouso em ti e todos me olham e te invejam, não consigo perceber porquê, a ingenuidade é leviana, a crueldade é sublime

apercebo-me da tua inércia, eu sei que merecia o mundo, quase me irrito